domingo, 30 de dezembro de 2007

Concretismo




Quando se toma contato com a História da Arte Brasileira, é possível constatar que até o início do século XX, predominava na artes plásticas um tipo de representação preso a padrões e normas rígidos que valorizavam a cópia fiel de modelos e da natureza, comumente denominada "arte acadêmica".
A Semana de 22 introduziu o primeiro surto modernista no país ao se colocar contra aquele academicismo na busca de uma identidade nacional. Tal identidade se caracterizou por ainda manter uma representação figurativa do homem e da paisagem, mas retratando características essencialmente brasileiras e quebrando aquela rigidez determinada pela academia. Esses traços foram constantes em nossa Arte até o final dos anos 40.
O segundo surto modernista ocorreu na década de 50. Repetindo o acontecimento de 22, reuniram-se novamente, poetas e artistas plásticos paulistas e cariocas que, unidos pelo mesmo interesse, procuravam uma maneira de voltar às formas puras tendo por base a Geometria.
Declarando-se contra o cansaço da arte figurativa, recorreram à linguagem geométrica que proporcionaria à poesia e às artes plásticas uma nova visualidade concedendo ampla autonomia à forma.
A Arte produzida nesse período pode ser identificada como "arte concreta", ou seja, uma Arte que, embasada em formas geométricas, evidencia:

• desprendimento total da natureza.
• acentuado caráter objetivo, racionalista.
• privilégio a procedimentos matemáticos.

Em se tratando da paisagem construída pelo homem, o Concretismo acabou gerando alterações na arquitetura, design, mobiliário, artes gráficas, paisagismo... Além de ser um movimento relevante a nível nacional, tornou-se, também, conhecido e influente fora do país.


Concretismo é um movimento vanguardista surgido em 1950, inicialmente na música e depois passando para a poesia e artes plásticas.
Defendia a racionalidade e rejeitava o expressionismo, o acaso, a abstração lírica e aleatória. Nas obras surgidas no movimento, não há intimismo nem preocupação com o tema, seu intuito é acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.
Durante a década de 1960, poetas e músicos do movimento passam a se envolver em temas sociais, geralmente sem influência na obra, sendo somente uma ligação pessoal. As obras passam a ser mais e mais preocupadas com a inovação da linguagem. A poesia concreta tem em Vladimir Mayakovsky um grande expoente; o poeta russo afirmava que não há arte revolucionária sem forma revolucionária.

Principais representantes
• Augusto de Campos
• Décio Pignatari
• Haroldo de Campos
• Luiz Sacilotto

1 - Augusto Luís Browne de Campos (São Paulo, 14 de fevereiro de 1931) é um poeta, tradutor e ensaísta brasileiro.
Estreou em 1951 com o livro O Rei Menos o Reino, quando ainda era estudante da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. É um dos criadores da Poesia Concreta, junto com seu irmão, Haroldo de Campos, e Décio Pignatari, que ao romperem com o Clube de Poesia, lançaram a revista Noigandres. Usando recursos visuais como a disposição geométrica das palavras na página, a aplicação de cores e de diferentes tipos de letras, Augusto criou Poetamenos (1953), Pop-cretos (1964), Poemóbiles (1974) e Caixa Preta (1975). Boa parte dessa produção está reunida nas coletâneas Viva Vaia (1979), Despoesia (1994) e Não (2004).
Além de traduzir Stéphane Mallarmé, James Joyce, Ezra Pound, Vladimir Maiakóvski, Arnaut Daniel e E. E. Cummings, entre outros, publicou as antologias Re-Visão de Sousândrade (1964) e Re-Visão de Kilkerry (1971). Seus textos críticos podem ser lidos em Teoria da poesia concreta, Balanço da Bossa, À margem da margem e o Anti-crítico, entre outros.
Sua obra dialoga com a música, tem parceria em canções gravadas por Caetano Veloso e Arrigo Barnabé e gravou o CD Poesia é Risco, junto com o filho Cid Campos (1994).

2 - Décio Pignatari (Jundiaí, 20 de agosto de 1927) é um poeta, ensaísta e tradutor brasileiro.
Desde os anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético que fundou junto com Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas Noigandres e Invenção e publicou a Teoria da Poesia Concreta (1965).
Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio Informação, Linguagem e Comunicação (1968). Sua obra poética está reunida em Poesia Pois é Poesia (1977).
Décio Pignatari publicou traduções de Dante Alighieri, Goethe e Shakespeare, entre outros, reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Publicou também o volume de contos O Rosto da Memória (1988) e o romance Panteros (1992), além de uma obra para o teatro, Céu de Lona.

3 - Haroldo Eurico Browne de Campos (São Paulo, 19 de agosto de 1929 — 16 de agosto de 2003) foi um poeta e tradutor brasileiro.
Haroldo fez seus estudos secundários no Colégio São Bento, onde aprendeu os primeiros idiomas estrangeiros, como latim, inglês, espanhol e francês. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no final da década de 1940, lançando seu primeiro livro em 1949, O Auto do Possesso quando, ao lado de Décio Pignatari, participava do Clube de Poesia.
Em 1952, Décio, Haroldo e seu irmão Augusto de Campos rompem com o Clube, por divergirem quanto ao conservadorismo predominante entre os poetas, conhecidos como "Geração de 45". Fundam, então, o grupo Noigandres, passando a publicar poemas na revista do grupo, de mesmo título. Nos anos seguintes defendeu as teses que levariam os três a inaugurar em 1956 o movimento concretista, ao qual manteve-se fiel até o ano de 1963, quando inaugura um trajeto particular, centrando-se suas atenções no projeto do livro-poema "Galáxias".
Haroldo doutorou-se pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sob orientação de Antonio Candido, tendo sido professor da PUC-SP, bem como na Universidade do Texas, em Austin.
Haroldo dirigiu até o final de sua vida a coleção Signos da Editora Perspectiva.
"Transcriou" em português poemas de autores como Homero, Dante, Mallarmé, Goethe, Mayakovski, além de textos bíblicos, como o Gênesis e o Eclesiastes. Publicou, ainda, numerosos ensaios de teoria literária, entre eles A Arte no Horizonte do Provável (1969).
Faleceu em São Paulo, tendo publicado, pouco antes, sua transcriação em português da Ilíada, de Homero.
Obras• Xadrez de Estrelas (1976)
• Signância: Quase Céu (1979)
• A Educação dos Cinco Sentidos (1985)
• Galáxias (1984)
• Crisantempo (1998)
• A Máquina do Mundo Repensada (2001)
Prêmios e homenagens
Sua biografia foi incluída na Enciclopédia Britânica em 1997.
Foi o ganhador do Premio Octavio Paz de Poesía y Ensayo, no México, em 1999.
Nesse mesmo ano, as Universidades de Yale e de Oxford organizaram conferências sobre sua obra em comemoração de seus setenta anos.
Foi vencedor do prêmio Jabuti em 1991, 1993, 1994, 1999, 2002:


4 - Luís Sacilotto (Santo André, 1924 — São Bernardo do Campo, 9 de Fevereiro de 2003) foi um pintor, desenhista e escultor brasileiro.
Uma maiores expressões do Abstracionismo no Brasil, Luís Sacilotto foi revelado durante a década de 1940.
Em 1943, formou-se letrista no Instituto Profissional Masculino do Brás. Em 1944 ingressou na Centro Universitário Belas Artes de São Paulo para estudar desenho, saindo de lá em 1947.
Sacilotto começou então a trabalhar como publicitário e desenhista de arquitetura. Ainda em 1947, participou da Mostra de 19 pintores na capital paulista.
Em 1952 ganhou o Prêmio Governador do Estado, na Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). No mesmo ano assinou o Manifesto do Grupo Ruptura, aparecendo em suas obras o Concretismo.
Entre 1956 e 1957, participou da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Sacilotto participou também, em 1959, da Mostra de Arte Moderna, que foi exibida na Europa, mostrando sua obra Koncrete Kunst em Zurique, em 1960.
Em 1977 participou da Mostra Projeto Brasileiro Construtivo na Arte, organizada pela Pinacoteca do Estado de São Paulo e pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
No ano de 1988 fez uma mostra individual em uma galeria. Paricipou da Bienal Brasil Século XX e das principais exposições de algumas Bienais Internacionais de São Paulo, tendo participado de cinco Bienais no Brasil.



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Quem sou eu

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Graduado em letras pela Universidade do Estado da Bahia, Especialista em Met. do Ensino de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, pelo IBPeX, mestrando em Crítica Cultural pela UNEB. Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação de escolas Públicas, particulares e Cursos Pré-vestibulares

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